Agroindústria sustentável: foco em pequenas e médias empresas e soluções para o Nordeste
- Bruna Silper
- 5 de ago.
- 2 min de leitura
Recentemente participei de um seminário importante promovido pela Folha de S.Paulo, com objetivo de discutir soluções para a agroindústria sustentável. Foi um daqueles eventos para lembrar a relevância do nosso setor para o país, que trazem à tona a diversidade do agro brasileiro e a responsabilidade que nos cabe, direcionada a cada elo dessa cadeia.
Ouvi representantes do governo federal, da Embrapa, de grandes empresas como Marfrig e Korin, além da Muda meu mundo, startup que foca em ajudar os pequenos produtores. Seguem algumas reflexões que levei comigo.
Tecnologia e biologia: uma transição inevitável
O ministro Paulo Teixeira destacou a necessidade de transição de uma base química para biológica na agricultura, com incentivo à agroecologia e à mecanização tecnológica. Isso não só responde às demandas associadas à crise climática, mas também à permanência de jovens no campo. O ministro também reforçou que a entrega brasileira na COP30 passará por florestas produtivas, bioinsumos (PRONARA) e soberania alimentar.
A fala dele me fez pensar: a sustentabilidade é viável como um pacote pronto. Ela precisa ser traduzida em ferramentas, linguagem e realidade para o produtor, e com apoio técnico permanente.
Ser natural e ser grande: é possível?
Luiz Demattê (Korin) debateu essa pergunta provocante. É sim possível, desde que a sustentabilidade seja pensada como estratégia e não como exceção. O Brasil tem 5 milhões de produtores rurais. Foi reforçado como a rastreabilidade da cadeia é fundamental para a compatibilidade entre escala e responsabilidade ambiental.
Ainda, Paulo Painez, da Marfrig, comentou sobre como a maior parte das emissões, no caso da carne bovina e suína, está na base da cadeia (o tal do “da porteira para dentro”, ou escopo 3). Ou seja, qualquer projeto para redução de pegada de carbono do produto final precisa apresentar soluções efetivas que atendam também os produtores.
Nas falas de Luiz Demattê e Paulo Pianez ficou evidente também que temos tecnologia para atingir os objetivos de descarbonização na agroindústria. O que falta é criar modelos de fomento ao produtor, com rastreabilidade, incentivos reais e protocolos claros, para construir confiança entre indústria e campo e comunicar tudo isto ao consumidor.
O papel do Nordeste e da inclusão produtiva
O segundo painel focou nos desafios e soluções para o Nordeste. Ali vi, mais uma vez, o quanto o acesso à estrutura básica ainda é barreira para a sustentabilidade. A startup Muda Meu Mundo, presente no painel, já atende mais de mil pequenos produtores, solucionando um problema impeditivo ao crescimento: muitos não têm sequer conta bancária ou nota fiscal. Evandro Holanda, da Embrapa, lembrou: 50% dos produtores familiares do país estão no Nordeste. Isso reforça a necessidade de inclusão, de políticas públicas, de soluções para cada perfil de produtor na base.
A agroindústria sustentável exige redes de apoio
Deixei o evento refletindo que o futuro da agroindústria sustentável será construído por ações conjuntas e colaborativas. Precisamos criar redes: entre produtores e indústrias, entre dados e crédito, entre políticas públicas e ferramentas aplicáveis.
A ESGpec tem apostado nesse caminho: levar tecnologia acessível, diagnósticos práticos e soluções digitais para medir o que importa e o que os decisores precisam ver para investir. Sem esquecer que, por trás de cada kg de matéria-prima, existe muita gente, cultura, esforço e história.
