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IA no leite: do dado ao design de produtos mais sustentáveis e conectados com o futuro

A revolução digital chegou ao leite. A inteligência artificial (IA), que já impacta profundamente setores como saúde e tecnologia, começa a transformar também como desenvolvemos produtos lácteos, tomamos decisões técnicas e conectamos a produção com o consumidor.


IA no leite


Um artigo recente publicado no portal eDairy News detalha como empresas globais do setor, como a Fonterra, estão incorporando IA para acelerar o ciclo de pesquisa e desenvolvimento (P&D), melhorar a tomada de decisão e personalizar seus produtos. Mas como esse movimento pode dialogar com a realidade da pecuária leiteira brasileira? Qual o papel dos dados nesse processo?


Da pesquisa ao produto: o novo ciclo da inovação


Segundo o artigo, a integração de IA em P&D permite às empresas:

  • Reduzir o tempo de desenvolvimento de novos produtos, simulando características como processabilidade e vida útil;

  • Aumentar a eficiência da pesquisa, com uso de ferramentas como o DairyDetective, que acessa mais de 17 mil documentos internos de forma inteligente;

  • Democratizar o acesso ao conhecimento, com “especialistas virtuais” baseados em IA, treinados para responder dúvidas e orientar processos.


A transformação não acontece apenas nos laboratórios. Ela se estende a toda a cadeia, da coleta de dados no campo à interpretação estratégica, passando pela comunicação entre áreas técnicas, regulatórias e comerciais. E aí entra o potencial brasileiro.


IA no campo: o que já está ao nosso alcance?


Na pecuária leiteira nacional, o desafio não está apenas na geração de novos dados, mas na estruturação e uso inteligente das informações que já existem. Projetos como o Despertar Regenerativo, conduzido pela ESGpec, mostram que essa transformação já começou. Com soluções como:

  • PEC Calc – ferramenta que calcula a pegada de carbono do leite com base em dados reais da fazenda, incluindo manejo, alimentação, produtividade e uso de insumos.

  • PEC Map – plataforma que organiza e integra indicadores de sustentabilidade (por exemplo, métricas ambientais, de bem-estar animal e pegada de carbono), gerando inteligência de dados para diagnósticos, comparações e tomada de decisão em escala.

  • PEC Scores – conjunto de índices objetivos que avaliam o engajamento das fazendas com práticas sustentáveis e regenerativas. Entre eles, o BEA Score, voltado ao bem-estar animal com base nos cinco domínios, e o ESG Farm Score, que analisa critérios do Dairy Sustainability Framework adaptados à realidade brasileira.


Além de coletar dados, essas ferramentas abrem caminho para a adoção de modelos preditivos e análises com IA, possibilitando simulações de cenários climáticos, rastreamento automatizado de práticas sustentáveis ou recomendações nutricionais otimizadas por perfil de fazenda, entre outros desenvolvimentos.


Produtos de dado: o que o Brasil pode criar?


O conceito de produto de dado — estruturado, reutilizável e voltado à decisão — ganha força na inovação global. Na pecuária de leite, ele pode se manifestar em diversas formas:

  • Laudos automatizados com recomendações personalizadas para redução de emissões;

  • Painéis de certificação dinâmica, que avaliam se uma fazenda está pronta para acessar mercados de baixa emissão;

  • Soluções de formulação de produtos, conectando dados de rebanho, clima e mercado com o desenvolvimento de laticínios regionais e funcionais.


Essas possibilidades dependem de um único fator: a qualidade dos dados coletados e da cultura de uso das informações.


Confiança, cultura e colaboração: os três pilares do futuro


O artigo do eDairy News alerta que o sucesso da IA na indústria depende de três elementos essenciais: qualidade dos dados, confiança nos sistemas e cultura de adoção.


No campo brasileiro, isso significa:

  • Treinar e apoiar os primeiros usuários (“early adopters”) que testam, ajustam e ajudam a melhorar as ferramentas;

  • Garantir que os dados coletados em campo sejam completos, consistentes e contextualizados;

  • Construir uma cultura de feedback, aprendizado contínuo e valorização do conhecimento técnico.


Pilares


A inovação já está em movimento


A digitalização da pecuária leiteira não é mais um plano para o futuro, ela já está acontecendo, e não exige tecnologias inalcançáveis. O necessário são dados organizados, ferramentas acessíveis e uma rede de pessoas comprometidas com a transformação.


Na ESGpec, acreditamos que a IA, quando bem usada, não substitui a experiência do campo. Ao contrário, ela potencializa a nossa atuação. O que antes era apenas análise técnica, hoje pode virar inovação de produto, acesso a novos mercados e fortalecimento da reputação do leite brasileiro.



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