Quando o campo dialoga com o clima: a pecuária leiteira na agenda da COP30
- Bruna Silper

- 15 de nov.
- 3 min de leitura
Por Bruna Silper Colunista da Revista Leite Integral e Cofundadora da ESGpec
O mundo volta os olhos para o Brasil
Em 2025, nosso futuro climático está sendo discutido em Belém, no coração da Amazônia.
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) é um marco: um espaço onde líderes, cientistas, empresas e sociedade civil definirão como e com que urgência iremos agir para transicionar nossa economia para uma base mais sustentável.
Para nós, que vivemos o campo, este momento também é decisivo. O Brasil tem, na pecuária leiteira, um setor com enorme potencial para unir produtividade, boas práticas e regeneração ambiental, mostrando, na prática, que eficiência e sustentabilidade podem caminhar juntas.
Limites planetários: o mapa do que ainda é possível
Você já ouviu falar nos limites planetários? Eles se referem a processos fundamentais para a estabilidade do planeta, como mudança climática, acidificação dos oceanos e mudança de uso da terra, e o risco que corremos ao exercer pressão excessiva sobre cada um deles. Ou seja, representam os limites dentro dos quais a humanidade pode prosperar sem comprometer os sistemas que sustentam a vida.
Hoje, a ciência mostra que já transgredimos sete dos nove limites. Mas a boa notícia é que ainda podemos regredir para a zona segura, se agirmos com rapidez e coordenação.
Na pecuária, nossa contribuição passa por boas práticas, manejo regenerativo e eficiência produtiva.
É nesse contexto que participo da COP e escrevi e a coluna Sustentabilidade Integral, especial COP30, em parceria com a Revista Leite Integral, onde aprofundo essas reflexões.
![]() | Confira o artigo "COP30: O TEMPO NÃO PARA`- Qual o papel da pecuária em um planeta sob pressão?" Clique aqui para conferir o artigo. |
O leite como parte da solução climática
Do carbono estocado no solo à energia gerada a partir dos dejetos, a pecuária vem se reinventando. No Brasil, temos ciência, tecnologia e exemplos reais de sistemas produtivos equilibrados, que já contribuem para reduzir emissões e regenerar ecossistemas.
A COP30 é a vitrine para mostrar ao mundo que produzir e conservar são caminhos complementares, não opostos.
Contribuição da ESGpec para a transição
Como cofundadora da ESGpec, tenho orgulho em ver o impacto que nossas soluções vêm gerando.Com mais de 500 fazendas avaliadas em pegada de carbono e/ou bem-estar animal, parcerias com universidades e presença internacional crescente, levamos à COP30 a voz da pecuária que gera dados, conhecimento e impacto positivo.
Nosso compromisso é claro: transformar informação em ação e contribuir para uma transição justa, prática e mensurável.
O metano e a agenda da eficiência
O metano (CH₄) é um dos gases mais relevantes quando falamos de aquecimento global, tanto pelo seu poder de aquecimento quanto pelo tempo de permanência na atmosfera. Na pecuária, é originado principalmente do processo de ruminação e da decomposição de resíduos orgânicos.
Mas há soluções, e muitas delas já estão sendo aplicadas nas fazendas brasileiras: biodigestores, separação de dejetos, nutrição de precisão e aditivos nutricionais. Essas práticas reduzem emissões, geram energia, reciclam nutrientes e devolvem matéria orgânica ao solo, criando um ciclo produtivo mais inteligente e circular.
Ciência, dados e decisões
A transformação começa conhecendo a realidade. Por isso, criamos ferramentas como o PEC Calc e os PEC Scores, que ajudam produtores e técnicos a estimarem a pegada de carbono do leite, avaliar práticas de bem-estar animal e monitorar indicadores de sustentabilidade, tudo de forma simples, digital e baseada em ciência.
Estamos na COP30, para aprender, divulgar e construir conexões, levando a experiência da ESGpec para dentro dos diálogos sobre clima e sustentabilidade, e produzindo conteúdo para ampliar esse conhecimento no campo.
O legado da COP30
A COP30 terminará, mas seu legado precisa começar imediatamente. Os acordos internacionais só ganham força quando se traduzem em ações locais, nas fazendas, nas cooperativas e nas decisões diárias de quem está no campo.
A pecuária leiteira brasileira tem, portanto, a oportunidade de mostrar que é parte da solução.
Conexão campo-ciência
“As decisões tomadas em Belém impactarão o campo, os mercados e a forma como produzimos.” Bruna Silper
Estou presente na COP30 representando a Revista Leite Integral e a ESGpec, reforçando a importância de traduzir o conhecimento técnico em linguagem acessível e mostrar, com base em dados e exemplos reais, como a pecuária leiteira brasileira pode ser protagonista da regeneração ambiental e da transição para sistemas de baixa emissão.
Conclusão: o tempo não para
O tempo, e o clima, não esperam. As transformações que o planeta exige também não. A pecuária brasileira tem a chance de se mostrar ao mundo como uma força regenerativa, inovadora e essencial para o equilíbrio do clima e da vida.
E nós, que fazemos parte desse movimento, precisamos nos posicionar como tal.





