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Da evidência à ação: por que o metano virou prioridade na pecuária mundial

Por que o metano virou o “gás do momento” nas políticas climáticas? O State of the Science Summit, da UC Davis, trouxe respostas claras. Neste artigo, a ESGpec conecta essas evidências à realidade brasileira, mostrando onde estamos, o que falta e por que agir agora é estratégico.

Stare of the science

À medida que o mundo busca soluções eficazes para conter o aquecimento global, um gás ganha destaque silencioso nas estratégias climáticas: o metano. Com um potencial de aquecimento 28 vezes maior que o do dióxido de carbono (GWP100), e efeitos ainda mais intensos em escalas temporais curtas (GWP20), ele responde por cerca de metade do aumento da temperatura média desde a Revolução Industrial . Na agropecuária, as emissões de metano são relacionadas principalmente aos animais (fermentação entérica) e aos dejetos, de acordo com o manejo aplicado. Reduzir estas emissões é uma das formas mais rápidas e custo-efetivas de desacelerar as mudanças climáticas no curto prazo.


O que a ciência já sabe é claro: existem diversas soluções disponíveis para mitigar as emissões de metano. Algumas estão prontas para adoção, outras ainda em desenvolvimento. Entre as mais promissoras estão os aditivos alimentares, como o 3-NOP e as algas vermelhas do gênero Asparagopsis, que podem reduzir significativamente a produção de metano no rúmen. Também há avanços na seleção genética de bovinos com menor emissão por litro de leite ou quilo de carne, intervenções nutricionais com taninos e óleos essenciais, o uso de vacinas, além de técnicas de manejo de dejetos que incluem compostagem e biodigestores.


Enquanto isso, países como Nova Zelândia, Dinamarca e Estados Unidos vêm estruturando políticas robustas sobre o tema. A Califórnia, por exemplo, já colhe resultados concretos por meio da meta legal de reduzir 40% das emissões de metano até 2030, em comparação a 2013, como parte da SB 1383. O estado investiu mais de US$ 500 milhões em digestores, práticas alternativas e ferramentas de monitoramento. Os resultados incluem a instalação de mais de 140 biodigestores, geração de energia limpa e uma redução acumulada superior a 30% nas emissões do setor leiteiro.


Apesar dos avanços, os especialistas alertam para uma lacuna crítica entre a geração de conhecimento científico e sua aplicação no campo. Os principais entraves incluem a regulamentação de novas tecnologias, a adaptação aos diversos sistemas de produção (particularmente os sistemas a pasto), e o acesso a financiamento. A implementação de tecnologias como digestores ou aditivos em larga escala ainda enfrenta desafios técnicos, logísticos e econômicos.


No Brasil, a pecuária leiteira apresenta um potencial ímpar para liderar essa agenda de forma regenerativa. Com predomínio de sistemas a pasto, ampla diversidade forrageira e solo com capacidade de sequestro de carbono, o país pode adaptar soluções globais e desenvolver abordagens próprias. Iniciativas como o PEC Calc, que permite calcular gratuitamente a pegada de carbono de fazendas leiteiras com base em metodologias científicas, tornam esse processo acessível. Práticas como pastejo rotacionado, uso de leguminosas, integração lavoura pecuária (ILPF) e manejo regenerativo se alinham perfeitamente ao desafio de reduzir metano e, ao mesmo tempo, melhorar o solo, a produtividade e o bem-estar animal.


Mais do que esperar por grandes revoluções tecnológicas, o Brasil pode avançar com as soluções já disponíveis, tropicalizadas, adaptadas à sua realidade, e integradas em programas que combinem fomento, assistência técnica e certificações confiáveis.



📚 Sobre a fonte


Este artigo foi desenvolvido com base no conteúdo técnico apresentado durante o evento internacional State of the Science Summit: Reducing Methane from Animal Agriculture, promovido pela University of California – Davis. O encontro reuniu pesquisadores, formuladores de políticas públicas, representantes da indústria e produtores para discutir os avanços científicos e práticos na mitigação do metano na agropecuária.


📽️ Assista aos painéis do evento: Canal oficial no YouTube – CLEAR Center UC Davis



A redação deste artigo considerou tanto os debates e apresentações do evento internacional State of the Science Summit, quanto o relatório técnico oficial publicado pela UC Davis, além de documentos complementares adaptados pela equipe ESGpec com foco na realidade brasileira. Nosso objetivo é traduzir a ciência de ponta em caminhos possíveis para a pecuária de leite tropical.


Quer entender por que o metano se tornou o “gás do momento” nas políticas climáticas e o que isso significa para a produção de leite? Este eBook traduz os principais achados do State of the Science Summit da UC Davis para a realidade do campo, explicando de forma clara como o metano é gerado, como pode ser reduzido e por que sua medição está se tornando estratégica para produtores, técnicos e organizações do agro. Clique aqui para acessar o eBook gratuito!


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