A pecuária leiteira enfrenta grandes desafios rumo a 2050. Reduzir as emissões de metano, garantir o bem-estar animal e ampliar o uso de tecnologia e dados são questões centrais para a sustentabilidade e a viabilidade do setor. Essas foram algumas das conclusões da conferência “Jump to the future: Dairy farming 2050”, realizada em agosto de 2024, na Bélgica. O evento reuniu especialistas e profissionais do setor leiteiro de todo o mundo para discutir as principais tendências e desafios do setor para o futuro.
1. Redução de Emissões de Metano
A redução da emissão de metano é um desafio essencial para a indústria leiteira. Rinse Jan Boersma, fundador da Beluga Animal Health, reforçou que o metano é um gás de efeito estufa de vida curta, o que significa que é quebrado mais rapidamente na atmosfera em comparação com o dióxido de carbono. O modelo Global Warming Potential (GWP) tradicional e o modelo derivado (GWP100) que mede o impacto dos gases de efeito estufa superestimam o impacto do metano no aquecimento global. Um novo modelo, o GWP*, ajusta para esses gases de vida curta e sugere que, com uma redução contínua das emissões de metano, a pecuária leiteira pode contribuir para um efeito final de resfriamento no planeta.
Diversas estratégias foram discutidas durante o evento para mitigar as emissões de metano. Entre elas, destacam-se o aumento da produtividade animal, melhorias no manejo de esterco e a introdução de aditivos alimentares que reduzem a produção de metano. Kelly Nichols, da Universidade da Califórnia-Davis, falou sobre aditivos promissores, como a alga vermelha e o composto 3-NOP, que vem sendo estudados. No entanto, ainda há lacunas de conhecimento sobre os impactos metabólicos e os efeitos a longo prazo desses aditivos na saúde animal.
2. Garantia do Bem-Estar Animal
O bem-estar animal é outro grande desafio para a pecuária leiteira em 2050. Marina von Keyserlingk, da Universidade da Colúmbia Britânica, destacou que o bem-estar animal é uma ciência socialmente mandatada, já que é uma preocupação crescente entre os consumidores. A indústria precisa enfrentar questões persistentes, como a claudicação, que permanece sendo um problema relevante mesmo após décadas de pesquisa.
Von Keyserlingk também abordou o tema da criação conjunta de vacas e bezerros, discutindo evidências dos benefícios da manutenção do contato entre vaca e bezerro por mais tempo que o praticado rotineiramente. Para que a pecuária leiteira seja sustentável até 2050, é necessário integrar viabilidade econômica, proteção ambiental e aceitação social nas práticas de produção.
3. Uso de Tecnologia e Dados
O uso de tecnologia e dados representa tanto um desafio quanto uma oportunidade para o futuro da pecuária leiteira. Ilka Klaas, da DeLaval, ressaltou a importância de integrar a tecnologia à saúde e ao bem-estar animal. Sensores e digitalização já são utilizados hoje, mas o desafio está em aproveitar ao máximo os dados disponíveis.
Para 2050, espera-se que a inteligência artificial seja uma ferramenta fundamental no gerenciamento de rebanhos, permitindo decisões mais rápidas e precisas sobre a saúde e o bem-estar dos animais. Isso incluirá sistemas preditivos e analíticos que vão além dos alertas tradicionais, oferecendo soluções integradas que facilitarão a gestão dos rebanhos.
Preparados para 2050?
Segundo Ynte H. Schukken, CEO da Royal GD, o setor leiteiro está diante de um cenário complexo, onde a solução de um problema pode ter impactos em outras áreas, como saúde animal, uso de antibióticos e eficiência no uso de nitrogênio. No entanto, com o avanço da tecnologia e a contínua inovação, o setor tem as ferramentas necessárias para enfrentar esses desafios e garantir um futuro promissor para a pecuária leiteira em 2050.
Conclusão
A pecuária leiteira de 2050 será marcada por mudanças significativas e desafiadoras. A redução das emissões de metano, o foco no bem-estar animal e o uso avançado de tecnologia serão essenciais para garantir a sustentabilidade e viabilidade do setor. A integração desses elementos, aliada a uma abordagem econômica, ambiental e socialmente sustentável, permitirá que a pecuária leiteira continue a prosperar nas próximas décadas.
Texto adaptado pela Equipe ESGpec
Fonte: Dairy Global, por Emmy Koeleman, Freelance editor
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