Tecnologia dentro da porteira: como inovação e dados podem reinventar a pecuária sustentável no Brasil
- Equipe ESGpec
- 14 de abr.
- 3 min de leitura
Falar em pecuária sustentável é falar em dados, gestão e decisões baseadas em informação real. E quando se trata de conectar o campo à tecnologia de forma prática, poucos conhecem tão bem esse caminho quanto Heloise Duarte - veterinária, especialista em soluções digitais para o agro e cofundadora da ESGpec. No podcast Sala de Negócios, Heloise compartilhou sua trajetória e sua visão sobre o futuro da produção leiteira brasileira — mostrando que dobrar a produção e reduzir a pegada de carbono não é utopia, é engenharia de dados e decisão.

A tecnologia começa no entendimento
Tecnologia, por si só, não muda o campo. É preciso entender o processo, respeitar a realidade de quem está na fazenda e traduzir complexidade em utilidade prática.
Com quase 20 anos de experiência desenvolvendo e implantando sistemas de gestão rural, Heloise viu na prática o que faz uma tecnologia ser adotada: ela precisa resolver problemas reais, com uma jornada intuitiva e acessível ao produtor.
“O desafio não é a tecnologia existir, é ela funcionar para quem está na lida.”
Maturidade digital: o verdadeiro ponto de virada
A coleta de dados pode ser um desafio em algumas situações. Mas a maior questão está em saber o que medir, por que medir e o que fazer com a informação.
Para Heloise, a maturidade digital do produtor rural — sua capacidade de aplicar as tecnologias de forma correta e usar os dados para tomar decisões — é o principal limitador da inovação no campo hoje. Não se trata apenas de orçamento, mas de desenvolver habilidades de gestão, reconhecer prioridades e estruturar informações básicas que sustentam a produtividade.
“Quem não consegue fazer a gestão do rebanho, dificilmente vai conseguir calcular pegada de carbono do leite. O digital e a sustentabilidade caminham juntos.”
IoT, sensores e IA: onde a inovação encontra o bem-estar e a eficiência
Sensores de ruminação, colares de monitoramento, aspersores automáticos, modelos preditivos de saúde animal. Tudo isso já é realidade nas fazendas mais conectadas — e vem se popularizando rapidamente.
Essas tecnologias permitem:
Antecipar a detecção de doenças e reduzir uso de antibióticos;
Evitar perdas em produção ou descarte de leite;
Aumentar a produtividade por vaca, diluindo a emissão de GEE por kg produzido;
Atuar diretamente no bem-estar animal, reduzindo estresse térmico e desconforto;
Ganhar eficiência alimentar, com impacto direto na sustentabilidade e na rentabilidade.
“Produzir mais leite por vaca, com mais saúde e menos desperdícios, é o jeito mais direto de reduzir a pegada de carbono da pecuária.”
O Brasil está pronto?
Na corrida pela sustentabilidade, o Brasil tem um diferencial: ainda há muito espaço para avançar em produtividade, e com as ferramentas certas, o salto tem tudo para ser gigantesco.
Com clima, biodiversidade, pastagens naturais e áreas preservadas, o país tem os recursos para se destacar na produção de leite de baixa emissão. Mas, como aponta Heloise, é preciso vencer desafios de base, como infraestrutura, exigências sanitárias para exportação e logística em um território continental.
“Somos o gigante adormecido da produção leiteira. Mas o futuro vai exigir que esse gigante acorde — e com inteligência.”
Ouça o podcast completo
O episódio completo traz reflexões práticas sobre tecnologia, sustentabilidade e os bastidores da inovação no campo — com a visão de quem já atendeu mais milhares de produtores produtores e técnico e apoiou a transformação de dados em decisões reais. Confira agora em sua plataforma de streaming favorita ou no seu agregador de podcasts:

