Brasil, Sustentabilidade e o Agro: Reflexões a partir do Fórum da AMCHAM
- Equipe ESGpec
- há 5 dias
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Introdução
O Fórum de Sustentabilidade da AMCHAM 2025, realizado no dia 28 de abril no Museu do Ipiranga, em São Paulo, reuniu grandes empresas e especialistas para debater os rumos da agenda ESG no Brasil e no mundo. Com uma abordagem ampla sobre sustentabilidade corporativa, o evento também proporcionou aprendizados que se conectam diretamente aos desafios do campo. Temas como economia circular, redução de emissões, cultura corporativa e colaboração multissetorial revelam aplicações urgentes para o setor agropecuário, evidenciando que o agro brasileiro tem muito a contribuir e também a evoluir.
1. Sustentabilidade como estratégia corporativa
O evento evidenciou que sustentabilidade deixou de ser apenas um diferencial reputacional para se tornar parte do núcleo estratégico das empresas. Com 72% das companhias brasileiras já incorporando sustentabilidade à sua estratégia central (contra 26% em 2023), o agro também é chamado a acompanhar essa transformação, especialmente diante da crescente demanda por rastreabilidade, eficiência energética e engajamento em métricas ESG.
2. Desafios da mensuração e engajamento com escopos 3
Um dos temas centrais foi o desafio de mensurar emissões de Escopo 3, aquelas fora do controle direto das empresas, como o uso de fertilizantes por clientes ou o transporte de insumos. No agro, onde a cadeia é longa, descentralizada e altamente emissora, esse desafio é ainda mais relevante. Experiências de empresas como Mosaic mostram que é possível apoiar produtores com insumos de menor impacto e assistência técnica para melhorar os resultados ambientais, e, ao mesmo tempo, a rentabilidade.
3. O Brasil como modelo: tradição, regeneração e inovação no agro
A agricultura regenerativa foi amplamente citada como diferencial brasileiro. Sistemas integrados de lavoura-pecuária-floresta (ILPF), uso de bioinsumos e recuperação de solos são práticas que colocam o país na vanguarda da produção sustentável. O destaque dado no evento a soluções já consolidadas, e não necessariamente disruptivas, é um chamado para que o agro brasileiro valorize o que já sabe fazer bem e escale essas soluções.
4. Cultura corporativa, motivação e sustentabilidade de dentro para fora
Outro ponto forte foi a discussão sobre o alinhamento entre cultura organizacional e valores dos colaboradores. Empresas que envolvem seus times nas metas ESG são mais resilientes, mais atrativas para novos talentos e mais eficientes na entrega de resultados sustentáveis. No agro, onde o capital humano é essencial, esse é um lembrete importante: sustentabilidade também se cultiva no campo das relações.
5. Cooperação e redes: o papel do setor privado e alianças multissetoriais
O Brasil foi exaltado por sua capacidade de articular diferentes atores, como setor privado, governo e sociedade civil. Isso se aplica diretamente ao agro, onde soluções de impacto exigem articulação em larga escala: assistência técnica, crédito verde, regulamentações e incentivo à transição. Iniciativas como o Pacto Global são bons exemplos, e a participação ativa do agro nesses espaços pode fortalecer ainda mais sua imagem no cenário global.
6. Economia circular e matriz limpa: vantagens competitivas já existentes
Enquanto alguns setores ainda tentam reduzir seu impacto, o agro brasileiro já conta com ferramentas valiosas. A matriz energética limpa e a possibilidade de reaproveitar resíduos como fonte de fertilidade (coprodutos, dejetos, compostagem) são oportunidades para posicionar o Brasil como provedor global de alimentos com baixa pegada de carbono.
Conclusão: do discurso à eficiência regenerativa
O evento reforça que o momento é de ação. A sustentabilidade precisa ser eficiente, mensurável e regenerativa, tanto no discurso quanto nas práticas de campo. O agro brasileiro tem base técnica, tradição e inovação suficientes para liderar esse movimento. O desafio agora é transformar essa liderança potencial em liderança reconhecida e aplicada.
Fonte: Fórum de Sustentabilidade da AMCHAM 2025
Adaptação e contextualização para o setor agropecuário com base nas traduções oficiais feita pela Equipe da ESGpec.
O Fórum de Sustentabilidade da AMCHAM 2025, realizado em 28 de abril no Museu do Ipiranga, em São Paulo, reuniu empresas, especialistas e lideranças que vêm moldando a agenda ESG no Brasil e no mundo. Com uma abordagem ampla e conectada à realidade do setor produtivo, o evento abordou temas como escopos de emissão, inovação regenerativa, cultura organizacional, economia circular e alianças multissetoriais.
Os painéis e palestras analisados para a elaboração deste artigo contaram com a participação de nomes de destaque:
Abrão Neto - CEO da Amcham Brasil - LinkedIn
Antonio Josino Meirelles – Diretor de Relações Governamentais e Sustentabilidade da Mosaic Fertilizantes - LinkedIn
Daniela Garcia – CEO do Capitalismo Consciente Brasil - LinkedIn
John Elkington – Fundador e Chief Pollinator da Volans - LinkedIn
Karla Spotorno – Editora da Broadcast/Estadão - LinkedIn
Liège Vergili Correia – Diretora de Sustentabilidade da JBS Brasil - LinkedIn
Luciano Francisco Alves – CEO da CBA - Companhia Brasileira de Alumínio - LinkedIn
Marco Dorna – Presidente da Tetra Pak Brasil - LinkedIn
Sonia Consiglio – Especialista em Sustentabilidade e SDG Pioneer pelo Pacto Global da ONU - LinkedIn
O fórum completo pode ser acessado na íntegra pelo site da AMCHAM:
Sobre a Pesquisa Panorama da Sustentabilidade Corporativa
Os insights deste artigo foram inspirados, em parte, pela apresentação de Abrão Neto, CEO da AMCHAM Brasil, durante o Fórum de Sustentabilidade 2025. Em sua fala, ele destacou trechos da pesquisa Panorama da Sustentabilidade Corporativa, conduzida pela própria AMCHAM, que mapeia tendências, avanços e desafios na integração da agenda ESG pelas empresas brasileiras.
A pesquisa completa está disponível no site da AMCHAM:🔗Pesquisa Panorama ESG no Brasil 2024
Sobre a AMCHAM
A AMCHAM Brasil — Câmara Americana de Comércio — é uma das maiores câmaras de comércio do mundo, com presença em mais de 15 cidades brasileiras e mais de 4 mil empresas associadas. A instituição promove o diálogo entre o setor privado, o poder público e a sociedade civil, fomentando inovação, sustentabilidade, competitividade e integração internacional. Por meio de fóruns, comitês e eventos multissetoriais, a AMCHAM atua como ponte estratégica para o desenvolvimento econômico com responsabilidade social e ambiental.
