Os bioinsumos vêm ganhando destaque como ferramentas sustentáveis na produção agropecuária. Originalmente populares na agricultura, eles estão se expandindo para a pecuária, onde oferecem soluções para promover a saúde animal, melhorar a produtividade e reduzir o impacto ambiental. Iniciativas como o Programa Nacional de Bioinsumos, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), têm impulsionado a adoção, especialmente em sistemas integrados e sustentáveis.
O que são bioinsumos e qual sua importância para a pecuária?
Bioinsumos são produtos de origem biológica, como microrganismos, extratos vegetais e substâncias naturais, usados para melhorar processos biológicos nos sistemas de produção.
Na pecuária, são aplicações já conhecidas:
Saúde animal: Probióticos e prebióticos contribuem para a microbiota e o sistema imunológico dos animais, podendo resultar na redução do uso de antibióticos.
Nutrição: Biofertilizantes contribuem para o enriquecimento das pastagens, propiciando aumento da qualidade da dieta animal.
Manejo de resíduos: Microrganismos específicos podem ser utilizados para acelerar a decomposição de esterco, transformando-o em fertilizantes orgânicos.
Essas tecnologias oferecem benefícios ambientais, como a redução do uso e dos resíduos químicos, e ganhos produtivos, ao contribuir para a eficiência alimentar e a saúde do rebanho.
Impacto dos bioinsumos na pecuária brasileira
O Programa Nacional de Bioinsumos destaca que cerca de 40 milhões de hectares no Brasil são manejados com bactérias promotoras de crescimento. Embora a maior parte desse número esteja relacionada diretamente à agricultura, a pecuária está adotando bioinsumos em áreas agrícolas destinadas à nutrição animal e no manejo de resíduos.
Exemplo prático: Em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), biofertilizantes são usados para recuperar pastagens degradadas, enquanto microrganismos são aplicados à transformação de dejetos em biofertilizantes, promovendo um ciclo produtivo sustentável.
Desafios: Para a amplicação do uso destes recursos, é necessário regulamentar o setor de forma mais específica e fomentar informação e capacitação de pecuaristas nesta área de conhecimento.
Bioinsumos e saúde animal
Na pecuária, os bioinsumos têm aplicações específicas que beneficiam diretamente a saúde e o bem-estar dos animais:
Probióticos e prebióticos:
Melhoram a digestão e a absorção de nutrientes, reduzindo custos alimentares.
Fortalecem o sistema imunológico, prevenindo doenças gastrointestinais.
Controle de parasitas:
Bioinseticidas naturais, como os derivados de Bacillus thuringiensis, são usados para combater moscas e carrapatos, diminuindo a resistência dos parasitas e os impactos ambientais associados aos resíduos.
Esses insumos ajudam a reduzir a dependência de antibióticos e outros compostos, alinhando-se às demandas globais por produtos de origem animal livres de resíduos químicos.
Soluções sustentáveis para o manejo de resíduos
O manejo de dejetos animais é um dos grandes desafios ambientais da pecuária. Microrganismos específicos têm sido utilizados para:
Acelerar a compostagem: Transformando esterco em fertilizantes orgânicos de alta qualidade.
Produzir biogás: Usando biodigestores para gerar energia a partir de resíduos orgânicos, reduzindo custos operacionais e emissões de gases de efeito estufa.
Essas práticas também contribuem para a economia circular, gerando subprodutos que beneficiam tanto a agricultura quanto a pecuária.
Bioinsumos e práticas regenerativas
Os bioinsumos estão diretamente conectados às práticas regenerativas, que buscam restaurar a saúde do solo e dos ecossistemas. Na pecuária, isso inclui:
Recuperação de pastagens degradadas: Biofertilizantes ajudam a restaurar a cobertura vegetal, aumentando a produtividade e a capacidade de sequestro de carbono.
Fixação biológica de nitrogênio: Microrganismos específicos reduzem a necessidade de fertilizantes químicos.
Aumento da biodiversidade: Soluções biológicas promovem ecossistemas equilibrados e resistentes a pragas.
Essas práticas melhoram a resiliência dos sistemas produtivos e são fundamentais para atender às metas globais de sustentabilidade.
Desafios e oportunidades
Embora os bioinsumos apresentem benefícios claros, desafios como altos custos iniciais, falta de regulamentação específica e necessidade de capacitação técnica têm limitado sua adoção.
Iniciativas como a produção local de bioinsumos e a ampliação de programas de incentivo representam oportunidades para expandir o uso na pecuária brasileira. Além disso, a crescente demanda por produtos sustentáveis e livres de resíduos químicos indica um mercado promissor para os pecuaristas que adotam essas tecnologias.
Conclusão
Os bioinsumos estão transformando a pecuária ao oferecer soluções que combinam produtividade e sustentabilidade. Com aplicações na saúde animal, manejo de resíduos e práticas regenerativas para o solo, eles ajudam a atender às demandas ambientais e de mercado.
Sua adoção crescente no Brasil posiciona a pecuária como uma aliada no enfrentamento das mudanças climáticas e na construção de sistemas mais equilibrados e responsáveis.
Referências
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Programa Nacional de Bioinsumos. Disponível em: gov.br. Acesso em: 26 nov. 2024.
Embrapa Soja. Manual de Análises de Bioinsumos para Uso Agrícola. Disponível em: ainfo.cnptia.embrapa.br. Acesso em: 26 nov. 2024.
Embrapa. Bioinsumos: Tendência de Crescimento no Brasil. Disponível em: embrapa.br. Acesso em: 26 nov. 2024.
Pesquisa Agropecuária Tropical. Bioinsumos e Produção Orgânica no Brasil. Disponível em: revistas.ufg.br. Acesso em: 26 nov. 2024.
Revista Brasileira de Agroecologia. Bioinsumos a Partir das Contribuições da Agroecologia. Disponível em: periodicos.unb.br. Acesso em: 26 nov. 2024.